Em declarações aos jornalistas, depois de discursar no Parlamento Europeu em Estrasburgo, o chefe de Estado de Angola defendeu que não devem ser procuradas soluções de “duração efémera”. Isto a propósito da crise das migrações.
Por Norberto Hossi
”Temos de pensar seriamente em soluções que sejam duradouras e que garantam o desenvolvimento do continente, a criação de emprego, de riqueza, enfim de maior estabilidade e isso só se consegue num quadro multilateral e tendo a consciência que é uma solução que não se vai encontrar ao fim de dois, três anos, leva mais tempo”, reforçou.
Provavelmente deve ser por isso que Angola foi, é e será (o MPLA está no poder há 42 anos) um dos países mais corruptos do mundo e “só” tem 20 milhões de pobres…
João Lourenço disse ainda que todos os africanos se sentem envergonhados com “o que se está a passar neste momento”. É verdade que os africanos têm vergonha. O problema está no facto de os dirigentes africanos não terem vergonha.
“Nenhum governante quer ver os seus filhos abandonar o país, sobretudo naquelas condições desumanas em que o processo está a decorrer. Imigrações sempre houve no Mundo, mas nestas condições, com perdas de vidas humanas durante a travessia, é evidente que ninguém quer que os filhos da sua pátria e do seu continente passem por uma privação tão grande quanto esta”, disse João Lourenço com a lata descomunal de quem não tem vergonha e faz da demagogia a sua melhor arma.
Falar do drama dos filhos dos outros quando na sua própria “casa”, os filhos são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com fome só podia mesmo lembrar a quem se está nas tintas para o sofrimento do seu povo.
O Presidente de Angola mostrou-se disponível para abordar a questão das migrações em primeiro lugar nas instituições do próprio continente, nomeadamente nas organizações regionais de que Angola faz parte, e na União Africana. Esta é, aliás, uma questão em que João Lourenço, como aliás todo o MPLA, é mestre dos mestres.
Angola exerce actualmente a presidência do órgão de cooperação nos domínios político, de Defesa e Segurança da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
“Os investimentos que gostaríamos de ver em África são sobretudo os que criam emprego, sem falar nas infra-estruturas que asseguram que outros investimentos possam vir a ser feitos, basicamente transportes, energia e água. Mas a cooperação com os outros continentes que seja no sentido de ajudar-nos a criar capacidade para transformarmos os nossos produtos básicos, industrializar os nossos países, porque só assim vamos conseguir encontrar emprego sustentável e desta forma contribuir no combate contra a imigração”, disse João Lourenço.
Em síntese, João Lourenço quis dizer que é preciso fazer o que, em Angola, o MPLA nunca fez ao longo dos quase 43 anos em que está no poder. Ou seja, África precisa de governantes que sirvam o povo e não se sirvam dele.
A este propósito, ganha, cada vez, acutilância a história do puto Paulinho:
João Lourenço foi a uma escola conversar com as criancinhas, acompanhada de uma comitiva de alto nível patriótico. Depois de explicar o paraíso em que o MPLA transformou Angola, disse às criancinhas que iria responder a perguntas.
Uma das crianças levantou a mão e, solícito e bem disposto (como é seu timbre), JLo perguntou:
– Qual é o teu nome, meu filho?
– Paulinho.
– E qual é a tua pergunta?
– Eu tenho três perguntas. A primeira é “Onde estão os milhões de empregos e casas prometidos na campanha eleitoral pelo MPLA?”
– A segunda é “Pode o Presidente escolher os filhos para dirigir as principais empresas do país?”
– E a terceira é “Que democracia é a nossa em que o Presidente só sabe exonerar?”
João Lourenço ficou desnorteado. Por segundos pensou estar a ver Jonas Savimbi em ponto pequeno. Mas nesse momento a campainha para o recreio toca e ele aproveita e diz que continuará a responder depois do recreio.
Após o recreio, João Lourenço diz:
– OK, onde estávamos? Acho que eu ia responder a perguntas. Quem tem perguntas?
Um outro garotinho levanta a mão e João Lourenço aponta para ele.
– Podes perguntar, meu filho. Como é o teu nome?
– Joãozinho, e tenho cinco perguntas:
– A primeira é “Onde estão os milhões de empregos e casas prometidos na campanha eleitoral pelo MPLA?”
– A segunda é “Pode o Presidente escolher os filhos para dirigir as principais empresas do país?”
– A terceira é “Que democracia é a nossa em que o Presidente só sabe exonerar?”
– A quarta é “porque é que a campainha do recreio tocou meia hora mais cedo?”.
– A quinta é “Cadê o Paulinho?”